OBESIDADE E DIABETES Pinheiro Xerfan Corso, Mariana; Hayashida Mizuta, Marjorie; Cordeiro Juliani, Fabiana ...
Revista da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo,
12/2023, Letnik:
33, Številka:
4
Journal Article
O excesso de peso, resultante de fatores genéticos, comportamentais e socioeconômicos, tornou-se uma preocupação global, afetando mais de 1,9 bilhão de indivíduos, com uma prevalência que triplicou ...desde 1975. Paralelamente, o diabetes tipo 2 segue a mesma trajetória preocupante. Globalmente, estima-se que 463 milhões de adultos vivam com diabetes, número que deve aumentar para 578 milhões até 2030. O índice de massa corpórea (IMC) é uma ferramenta valiosa para avaliar a obesidade em escala populacional, mas apresenta limitações. Estudos recentes destacam a adiposidade abdominal como indicador independente de morbimortalidade, especialmente quando combinada ao IMC elevado. A obesidade é um fator central na gênese de inúmeras desordens, incluindo a resistência à insulina, diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares, distúrbios imunológicos e a doença hepática gordurosa. Além de armazenar energia, o tecido adiposo é um órgão ativo, desempenhando papel central na regulação metabólica através da secreção de uma gama de mediadores. O ganho de peso induz mudanças no seu perfil secretório, particularmente aumento da produção de mediadores infla-matórios, desencadeando inflamação sistêmica e disfunção metabólica. Macrófagos ativados contribuem para esse processo, evidenciando a interconexão entre obesidade, inflamação e resistência à insulina. A perda de peso sustentada, alcançada por meio de mudanças no estilo de vida, atividade física e dieta equilibrada, é fundamental. No entanto, a cirurgia bariátrica e terapias medicamentosas, como o uso de análogos do GLP-1, mostram-se promissoras e necessárias em significativa parcela dos casos. O tratamento da obesidade não apenas melhora a saúde metabólica, mas também impacta positivamente o controle do diabetes
As lipoproteínas de alta densidade (HDL) compõem um grupo de partículas heterogêneas de diferentes subfrações. Na circulação, essas partículas captam o excesso de colesterol livre dos tecidos ...periféricos realizando o transporte do colesterol até o fígado, processo chave para a homeostase do colesterol no organismo. Inúmeras outras funções relacionadas com a prevenção e instalação do processo de aterogênese são atribuídas à HDL. Com base na “Hipótese da HDL-colesterol”, sustentada pela forte associação inversa entre os níveis do HDL-C e o risco de doença cardiovascular (DCV), a HDL recebeu destaque como um promis-sor alvo terapêutico. Contudo, estudos clínicos randomizados que testaram medicamentos capazes de aumentar a HDL-C falharam em demonstrar benefícios. A redução nos níveis do HDL-C (< 40 mg/dl) pode ocorrer de forma isolada ou em associação a outros distúrbios, como o aumento do LDL-C e/ou triglicérides, e representa uma desordem do metabolismo de lipoproteínas denominado HDL-C baixo ou hipoalfalipoproteinemia. Com frequência, os níveis baixos de HDL-C se devem a causas secundárias. Contudo, os níveis extremamente baixos do HDL-C (< 20 mg/dL), em particular quando não há hipertrigliceridemia, representam causas primárias de hipoalfalipoproteinemias, e podem decorrer de distúrbios monogênicos raros que resultam em profunda perturbação na biogênese e das vias metabólicas da HDL. É importante salientar, porém, que nem todos os defeitos que levam à deficiência grave de HDL associam-se a aumento no risco de DCV. Há perspectivas de que terapias baseadas na infusão de HDL reconstituída (HDLr) como o MDCO-216, o CSL-112 e o CER-001 possam contribuir para a redução de desfechos cardiovasculares nesses pacientes.