Objetivos: Compreender a ocorrência de Anemia Aplástica e Agranulocitose em pacientes que utilizam, cronicamente, a Dipirona (Metamizol). Material e métodos: Trata-se de uma revisão integrativa ...realizada nas bases PubMed, BVS e Google Scholar utilizando os descritores “dipyrone OR metamizole AND Anemia, Aplastic AND Agranulocytosis”, nos idiomas português e inglês, com dados desde o início dos anos 2000, cujos textos estivessem completos. A partir da combinação dos descritores foram obtidos 294 artigos, mas a revisão foi realizada com 5 estudos que atenderam aos critérios de inclusão. Artigos duplicados foram excluídos. Os dados foram coletados em julho de 2023. Resultados: Os estudos utilizados são multicêntricos, caso-controles e de natureza qualitativa e quantitativa. Estudo polonês realizado com uma população de 15 milhões de pessoas demonstrou que, no total, apenas 16 casos de agranulocitose e 27 casos de anemia aplástica foram confirmados devido ao uso de metamizol. Outro estudo realizado em Barcelona, Espanha, avaliou o impacto de diversos medicamentos na ocorrência das patologias citadas, e uma população de 78,73 milhões de pessoas por ano foi avaliada. Nesse caso, foi observada uma incidência anual de agranulocitose de 3,46:1 milhões de pessoas, sendo a Dipirona responsável por mais de 16% dos casos. Por fim, o LATIN, um estudo latino-americano ainda não concluído, revelou uma incidência, por ano, de 0,5 casos/milhões de pessoas e 2,7 casos/milhões de pessoas para agranulocitose e anemia aplásica, respectivamente, no Brasil. Discussão: A Dipirona é um potente analgésico e antipirético utilizada amplamente no Brasil, embora seja proibida em países como Estados Unidos, Japão e em muitos países da Europa, em razão de seus efeitos colaterais. O motivo de tal preocupação se deve ao fato de que a Dipirona ou Metamizol, possuem uma mielotoxicidade que pode interferir no sistema hematopoiético, ocasionando em Anemia Aplástica (resulta em anemia, leucopenia e trombocitopenia) e Agranulocitose (contagem de granulócitos inferior a 500/mm3). Dentre os estudos avaliados, todos concordam que há uma relação entre o consumo de Dipirona e a ocorrência de aplasia medular. Entretanto, também afirmam que a incidência é rara e de baixa letalidade. Além disso, os eventos observados foram de ordem idiossincrática, não sendo dose-dependentes. Conclusão: A Dipirona possui correlação com o surgimento de Anemia Aplástica e Agranulocitose, mesmo que raramente, em pacientes que fazem uso de tal fármaco. No entanto, pouco se sabe a respeito de fatores de risco que possam contribuir para tais acontecimentos ou até se os indivíduos afetados já possuíam alguma predisposição às doenças citadas. Para saber com mais profundidade acerca do impacto do medicamento no sistema hematológico são necessários mais estudos, já que um viés limitante da pesquisa foi a ausência de estudos recentes que avaliassem o comportamento farmacológico da Dipirona na atualidade e se sua restrição em tantos países é realmente justificável
Objetivos: Analisar de forma comparativa a prevalência de anemia ferropriva em mulheres em idade reprodutiva, 15 a 49 anos, no ano de 2019 no Brasil e na América Latina. Material e métodos: Estudo ...ecológico, de caráter quantitativo, com base de dados proveniente do departamento de informática do Sistema Único de Saúde do Brasil (DATASUS) e World Health Statistics 2023. Primeiramente, utilizou-se no DATASUS os seletores de período, CID-10, faixa etária e sexo, sendo, respectivamente: 2019, anemia por deficiência de ferro (D5O), 15 a 49 anos e feminino. No que tange ao World Health Statistics 2023, verificou-se a prevalência da anemia ferropriva em mulheres de 15 a 49 anos nos países da América Latina em 2019. Resultados: Os principais achados demonstram que, no período, a prevalência no Brasil permeava 16,1%, enquanto, nos demais países da América Latina os valores eram de 19%. No Brasil, com 2.480 casos de anemia na população estudada, as ocorrências por região foram: Sudeste (35%), Nordeste (28%), Sul (15%), Norte (11%) e Centro-Oeste (9%). Na América Latina, os países de maior prevalência foram: Haiti (47,7%), República Dominicana (26,4%), Bolívia (24,4%), Venezuela (24,2%), Paraguai (23%), Colômbia (21,2%) e Peru (20,6%). A média global foi 29,9%. Discussão: A prevalência da anemia ferropriva é um indicador base de saúde pública, visto que, possui causas não nutricionais e, principalmente, nutricionais. No que tange à mulheres em idade reprodutiva, a nocividade pode ser exacerbada pela influência da concentração de hemoglobina no sangue materno e seus reflexos na gravidez. A literatura evidencia alto risco de parto prematuro, baixo peso ao nascer, baixos estoques de ferro ao nascer e déficit cognitivo em recém-nascidos. Ao analisar os países latino-americanos, nota-se que o Haiti possui os maiores índices de anemia na América Latina e também supera a média global de prevalência, assim, supõe-se maiores riscos atribuídos à gestação e ao desenvolvimento das crianças haitianas em relação aos demais países latino-americanos. No Brasil, a região Sudeste apresenta maior prevalência no país, além de ser superior à média global, evidenciando a carência de medidas para evitar os reflexos da anemia ferropriva nas mulheres em potencial de gestação e gestantes, principalmente por ser pilar da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança. Conclusão: O principal achado evidencia que o Brasil tem uma média menor de prevalência da anemia ferropriva em mulheres em relação à média dos demais países da América Latina. E fica evidente, inclusive, que a média da união e suas regiões se equiparam a alguns países da América Latina, supondo talvez, que apesar do subdesenvolvimento, podemos compartilhar similaridades em políticas públicas e traços genéticos em comparação ao restante do mundo. A média brasileira é 13,8% menor que a global, deixando ao entendimento subjetivo, que apesar da penúria, o país emprega políticas públicas e medidas assistenciais-preventivas que podem ter um real impacto nesse desfecho.
Objetivos: Analisar os fatores de risco e a ocorrência da anemia ferropriva em gestantes. Material e métodos: Trata-se de uma revisão de literatura na qual foram usados os descritores “Anemia, ...Iron-Deficiency”, “Gravidez”, “Pregnancy” e “Risk factors”. Os critérios de inclusão foram artigos dos últimos 5 anos, em português e inglês e textos completos e os de exclusão foram artigos duplicados. Dessa forma, foram encontrados 52 artigos na Pubmed e 201 no Science Direct, porém a revisão utilizou 9 que atendiam aos critérios. Resultados: Foi observado que os fatores de risco mais frequentes para anemia ferropriva em gestantes foram: idade acima de 35 anos, número de gestações maior que 2, mulheres que passaram por abortos, número de partos maior que 1, renda baixa, dieta vegetariana, hábito de beber café ou chá forte, baixo peso antes da gravidez e doenças hematológicas. Ademais, notou-se um padrão em relação à deficiência de ferro em gestantes de 26 a 28 semanas e também que, caso elas tenham ferritina baixa no pré-natal precoce, as chances de desenvolver anemia mais tarde durante a gravidez são altas. Outra condição observada foi a maior queda de ferro em gestações com espaçamento menor que 2 anos. Por fim, um dos estudos feitos no Brasil, no entanto, contradiz alguns dados, pois chegou em uma maior prevalência de anemia ferropriva em parturientes acima do peso. Discussão: A prevalência da deficiência de ferro que tem como consequência a anemia ferropriva em gestantes foi estudada principalmente em países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento e apresentou padrões parecidos, seja na China ou na Índia. Isso porque a suplementação de ferro tem relação com a realização de pré-natais, os quais estão mais acessíveis a mulheres com maior poder aquisitivo. Além disso, alguns estudos fizeram a correlação com níveis educacionais, o que também corroborou com essa relação socioeconômica. Assim, caso a paciente esteja com deficiência de ferro no começo da gravidez e não saiba disso, posteriormente, terá mais problemas, pois já ocorre naturalmente uma baixa do mineral nas semanas gestacionais mais tardias. No que tange ao número de gestações, os dados concluem que essas mulheres não tiveram o tempo necessário para repor seus estoques de ferro, o qual é bastante requisitado para a manutenção de uma gravidez saudável. Apesar do estudo brasileiro mostrar uma diferença em relação aos fatores de risco para a anemia ferropriva, deve-se ressaltar que nos casos apresentados a doença não teve relação direta com o estado nutricional da gestante. Conclusão: A anemia por deficiência de ferro tem relações fortemente consolidadas com fatores gestacionais naturais e financeiros, dessa forma, é preciso investimento por parte dos governos dos países, principalmente, subdesenvolvidos. Nesse quesito, planejamento familiar, acesso à atendimento médico e educação em saúde são essenciais. Por conseguinte, a suplementação de ferro será mais eficaz se associada a acompanhamento adequado e, consequentemente, menos intercorrências em relação ao recém-nascido e à mãe acontecerão.
Objetivos: Analisar as pesquisas mais recentes sobre a eficácia do tratamento com ropeginterferon alfa-2b (ROPEG) na Policitemia Vera (PV) para a prevenção de episódios trombóticos Material e ...métodos: Revisão de literatura de natureza descritiva, através da busca nas bases de dados PUBMED, BVS e Google Acadêmico utilizando os descritores em inglês e português: “ropeginterferon alfa-2b”, “polycythemia vera” e “thrombosis”. Depois de passar pelos critérios de inclusão e exclusão, o estudo resultou em uma amostra total de quinze artigos selecionados: dois (2) PUBMED, um (1) BVS, doze (12) Google acadêmico. Os autores declaram não haver conflitos de interesse. Resultados: Estudos como o PROUD-PV e seu estudo de extensão, CONTINUATION-PV, realizados na Europa, demonstraram como resultados: o ROPEG foi eficaz na indução de respostas hematológicas; mas se mostrou não inferior à hidroxiureia (terapia padrão) em relação à resposta hematológica quando comparada em tempo menor que 12 meses. Quando analisada por maior tempo, sua resposta continuou a aumentar ao longo do tempo com respostas melhoradas em comparação com a hidroxiureia. Além disso, a progressão da doença e os principais eventos tromboembólicos foram avaliados ao longo de um período de exposição cumulativo, e a sobrevida livre desses eventos foi significativamente maior entre os pacientes tratados com ROPEG do que o grupo controle, a incidência foi de 0,2%-paciente-ano versus 1,0%-paciente-ano no braço de tratamento controle com terapia padrão. Em relação a flebotomia, o estudo Low-PV mostrou que a suplementação de flebotomia com ropeginterferon alfa-2b parece ser segura e eficaz na manutenção constante dos valores de hematócrito no alvo e prevenção de eventos trombóticos em pacientes de baixo risco com policitemia vera. Outros ensaios clínicos demonstraram altas taxas de respostas hematológicas e moleculares, a depleção da carga de JAK2 V617F alle, que pode diminuir o risco de progressão para mielofibrose, e eventos trombóticos em pacientes tratados com a ROPEG. Discussão: A nova prolina-IFN-α PEGilada, gerada por meio de PEGilação seletiva de sítio, resulta em propriedades farmacocinéticas favoráveis, como o aumento da dose resposta, e um esquema de dosagem clínica conveniente. Ela inibe as células portadoras de JAK2 e outras mutações envolvidas em MPNs e em aberrações citogenéticas, confirmando o conceito de capacidade de modificação da doença. Nos estudos já realizados, obteve-se boas respostas hematológicas e moleculares altas e duráveis e sua boa tolerabilidade, uma boa qualidade de vida, conforme indicado por uma baixa carga de sintomas e necessidade de flebotomia, o potencial de influenciar o risco de mielofibrose e melhor sobrevida livre de eventos versus tratamento padrão. Conclusão: Esses novos resultados fornecem mais evidências para a possível capacidade modificadora do ropeginterferon alfa-2b na doença. Assim como realizado recentemente na China, são necessários estudos adicionais afim de comparar os resultados descritos na literatura em outros países, com a população brasileira, avaliando eficácia, segurança e utilidade clínica, gerando bases de dados valiosos que podem alterar o curso natural da PV no país, ao diminuir a progressão da doença e eventos tromboembólicos.