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  • Complexo Metamórfico da Foz...
    da Silva Sousa, Mónica Gabriela

    01/2022
    Dissertation

    Na estreita orla litoral entre a foz do rio Douro e o Castelo do Queijo (Forte de S. Francisco Xavier), a faixa metamórfica é representada por magníficos afloramentos de rochas metassedimentares, espacialmente associadas a ortognaisses de diferentes tipos e a anfibolitos, que, no seu conjunto, constituem o Complexo Metamórfico da Foz do Douro. Estes afloramentos contrastam com os presentes na zona oriental da cidade, os quais não incluem ortognaisses e anfibolitos e onde micaxistos e metagrauvaques, numa sequência relativamente monótona e menos metamorfizada, são também recortados por granitos hercínicos.O Complexo Metamórfico da Foz do Douro (CMFD) encontra-se dividido em duas unidades tectonoestratigráficas: a Unidade de Gnaisses da Foz do Douro (UGFD) e a Unidade de Lordelo do Ouro (ULO).A UGFD é constituída por vários tipos de ortognaisses (biotíticos, leucocratas granatíferos, leucocratas ocelados e de tendência ocelada, leucocratas de grão fino e leucognaisses com cordierite), a que se associam anfibolitos de afinidade N-MORB.As características geoquímicas permitiram discriminar duas séries para as rochas ortognaissicas:i) a série sódica, constituída pelos ortognaisses biotíticos, ortognaisses leucocratas granatíferos, de composição tonalítica–trondhjemítica– granodiorítica, Na2O/K2O>2 e afinidade com a série “low-Al, high-Y-HREE”TTG. Estas rochas exibem uma assinatura mantélica do tipo Manto Deprimido e formaram-se num contexto de arco magmático.ii) a série potássica, constituída pelos gnaisses leucocratas ocelados e de tendência ocelada, gnaisses leucocratas de grão fino e leucognaisses com cordierite, de composição granítico–adamelíticas e granodioríticas, carácter peraluminoso e Na2O/K2O<2.As datações realizadas através dos vários métodos isotópicos permitiram reconhecer vários eventos que afetaram os gnaisses sódicos e potássicos da UGFD:i) dois eventos pré-variscos: um documentado no gnaisse ocelado, ocorrido há cerca de 536 ± 9,5 Ma (U-Pb em zircão), correspondente ao magmatismo calco-alcalino que deu origem ao granitoide original e outro documentado no gnaisse biotítico (456 ± 7,8 Ma a 486 ± 7,2 Ma; U-Pb em zircão) e no gnaisse ocelado (467 ± 7,8 Ma; U-Pb em zircão), que testemunha a recristalização da rocha de carácter potássico, ocorrida, possivelmente, durante a fase sarda;ii) um evento varisco, documentado no gnaisse de grão fino, ocorrido há cerca de 311 ± 6,4 Ma (U-Pb em zircão) e, provavelmente, relacionado com a intrusão do granito do Porto eiii) um evento tardi-varisco, documentado no gnaisse biotítico ocorrido há cerca de 280 Ma ± 2,4 Ma (Rb-Sr na biotite), provavelmente, relacionado com a intrusão do granito do Castelo do Queijo.A ULO é constituída por micaxistos silimaníticos e paragnaisses, que correspondem a argilitos a grauvaques finos ricos em K. Atendendo ao carácter intrusivo dos ortognaisses nos metassedimentos, poder-se-á inferir uma idade Proterozoica para estas rochas.As formações do CMFD e os granitos e tonalitos variscos intrusivos foram sujeitos a uma deformação e instalação controlados por estruturas transpressivas relacionadas com a Zona de Cisalhamento Porto-Tomar-Ferreira do Alentejo. A deformação dúctil que afetou as rochas do CMFD poderá estar relacionada com as fases de deformação D1 e D3 variscas.