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  • 'Quem tem razão é o próprio...
    Britto, Paulo Henriques; Martins, Marcia Amaral Peixoto

    Cadernos de tradução, 09/2023, Letnik: 43, Številka: 1
    Journal Article

    Este artigo tem o duplo objetivo de apresentar uma nova tradução do poema de William Shakespeare “The Phoenix and the Turtle”, discutindo soluções formais e semânticas, e contribuir para a redução da lacuna que existe em termos de traduções da obra lírica do autor inglês para o português brasileiro, bem inferiores em número às do cânone dramático, exceção feita à série de 154 sonetos (The Sonnets, 1609). Trata-se de um poema curto, publicado em 1601, em uma coletânea reunida por Robert Chester sob o título Love’s Martyr, na qual também figuram autores como Ben Jonson e George Chapman. Em termos formais, o poema tem 67 versos distribuídos em 13 quadras e cinco tercetos, esses pertencentes à parte final, o threnos. Escrito em tetrâmetos trocaicos, a obra segue o esquema rímico abba nas quadras e aaa nos tercetos. Em tom alegórico, ela fala sobre o amor ideal entre a fênix e o pombo, que as une em um único ser, ao mesmo tempo em que preserva suas respectivas individualidades. O poema começa com a reunião de algumas aves, como corvo, águia e cisne, para relembrar a fênix e o pombo após a sua morte. A partir da décima-primeira estrofe, a Razão, personificada, assume a narrativa, e entoa um lamento fúnebre sobre o amor das duas aves: com a sua morte, a beleza, a verdade e a graça desaparecem do mundo. A tradução aqui proposta adotou a metodologia para a tradução de poemas desenvolvida por Paulo Henriques Britto (2006, 2015), composta de três etapas: a identificação das características poeticamente significativas do texto poético; a atribuição de uma prioridade a cada característica, dependendo da maior ou menor contribuição por ela dada ao efeito estético total do poema; e a recriação das características tidas como as mais significativas dentre aquelas para as quais se pode buscar correspondências na língua alvo. Seguindo esse roteiro, o poema foi recriado em octossílabos, replicando a estrofação e o esquema rímico dos versos shakespearianos.