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  • O Vere Beata Nox» O Paradox...
    Dias, Tiago Daniel Machado

    01/2021
    Dissertation

    A Noite, na Tradição Bíblica judaico-cristã constitui uma realidade simbólica paradoxal. Se por um lado se constitui como uma oposição à Luz e, portanto, propícia ao pecado e ao afastamento de Deus – o caos – é simultaneamente correto afirmar-se que a Noite pode corresponder à ocasião propícia para o encontro com o Transcendente e, d’Ele receber a Revelação. De facto, em toda o Antigo Testamento a Noite traduziu sentimentos e estados de alma dos seus autores e personagens, como Jacob, Samuel, Job ou mesmo do salmista que reza durante a Noite. Já no Novo Testamento, a Noite opõe-se à Missão de Jesus Cristo e pode ser metáfora escatológica, ética ou espiritual – como a vivida pelo apóstolo Pedro diante do Ministério do seu Mestre. Numa e noutra parte a Noite constitui sempre uma realidade paradoxal que pode aterrorizar ou serenar a alma dos seus fiéis. Desta forma o experimentaram os hebreus durante a noite da Libertação e o celebraram ao longo de todas as gerações. Igualmente vivenciaram a Noite grandes Místicos da Igreja como João da Cruz ou Teresa do Menino Jesus, aquela Noite da Fé e da dúvida que arrebate quem suporta o silêncio de Deus. Mas é a Noite da Ressurreição de Jesus que transforma todas as outras – a Luz venceu as Trevas e a Noite faz-se Dia: O vere beata Nox.