Ao descrever as festas observadas, especificamente, 1 ) festas de calendário, por exemplo, festa do dia das crianças, de Natal e Ano Novo, e 2) ritos de passagem, por exemplo, casamento e ...aniversários de crianças; durante trabalho de campo entre os Calons (pessoas ciganas) em Mamanguape na costa norte da Paraíba, Brazil, durante os anos de 2013 e 2014, propomos que as celebrações são momentos privilegiados para a realização e actualização do constituir-se Calon através de relações dialógicas de oposição ao juron (não-ciganos). Essas são as festas que performam a abundância e a ostentação na prática e escassez como um discurso, especialmente na presença de estrangeiros ou outros. Nesse sentido, a festa é considerada um produtor social, dialogando com a literatura que defende a “festa como perspectiva”, ou seja, não como um espelho, mas como uma função criativa da realidade (Perez 2012)
Apesar de sua riqueza cultural, o povo cigano, como muitas outras minorias étnicas, sofre grande discriminação e preconceito em todos os países, inclusive no Brasil. Os ciganos brasileiros têm a ...matrícula escolar garantida por lei nas escolas (LDB 9.394/96), mas o caráter nômade ou seminômade de seus acampamentos dificulta um processo efetivo de frequência, acompanhamento do rendimento e intervenção escolar, resultando em baixo aproveitamento e consequente discriminação social. Diante desse contexto, este projeto de extensão universitária tem como objetivo principal promover ações de socialização dos alunos de origem cigana (calé) em uma escola pública da cidade de Santa Bárbara, Minas Gerais. Por meio de oficinas de arte, a equipe do projeto permitiu e incentivou que as crianças ciganas falassem livremente de seus anseios, aspirações e dificuldades. Essas ações são importantes para uma consequente melhoria da socialização e rendimento escolar delas, tendo como foco as políticas de combate à exclusão escolar e social. Ao trabalhar com as dificuldades, as ansiedades e os medos das crianças originárias de famílias ciganas, os graduandos da Universidade do Estado de Minas Gerais vivenciaram um importante momento de aprendizagens sociais, o que contribui para a formação de um profissional da área de Engenharia mais integrado às demandas da sociedade.
RESUMO: Este artigo faz uma análise crítica do Projeto de Lei 248/2015 do Senado Federal brasileiro, que propõe um Estatuto do Cigano, com regime jurídico específico para os direitos fundamentais dos ...povos ciganos, especialmente os relacionados à educação, à cultura, à saúde, ao acesso à terra, à moradia, ao trabalho e à promoção da igualdade. Para cumprir o seu objeto, o estudo, de natureza bibliográfica e documental, discute a relação estabelecida entre a reivindicação por reconhecimento e igualdade a partir de normas jurídicas específicas como mecanismo de visibilização das vulnerabilidades de os grupos que compõem os povos ciganos. A conclusão reconhece que o Projeto de Lei 248/2015 do Senado Federal (“Estatuto do Cigano”) oferece bons dispositivos para assegurar o acesso de direitos fundamentais pelos povos ciganos no Brasil, mas que o seu êxito exige a efetiva participação das diversas comunidades ciganas, tanto na discussão do Projeto de Estatuto tal como proposto, como no próprio sentido de um regime jurídico específico aos povos ciganos no Brasil.
Os povos ciganos são uma minoria historicamente excluída, invisibilizada e perseguida nos diferentes países onde se encontram, especialmente se considerarmos o contexto de sua chegada à Europa e os ...processos de colonização desenvolvidos por esse continente. Diante disso, trabalhamos neste texto os modos como as comunidades ciganas estão sendo impactadas pela pandemia da COVID-19, a partir de discussões das áreas da comunicação e da saúde, bem como de uma visão crítica dos processos mencionados anteriormente. Refletimos teoricamente sobre como essas etnias são atravessadas por múltiplas opressões que as colocam em situação de desigualdade e qual o papel da comunicação em sua inclusão social ou na manutenção de sua exclusão. Destacamos como sua invisibilidade e estereótipos históricos foram aflorados durante a pandemia, aprofundando as relações de desigualdades. A partir de um olhar crítico sobre as relações discursivas, analisamos duas reportagens jornalísticas publicadas ainda em 2020, uma, no Brasil, do jornal goiano O Popular, e outra, em Espanha, do jornal ABC de circulação nacional. A culpabilização das populações ciganas pela disseminação do vírus e seu silenciamento enquanto sujeitos capazes de articular e de refletir discursivamente sobre suas condições e situações no contexto da pandemia foram alguns dos resultados encontrados, mostrando semelhanças nas representações dos povos ciganos no contexto ibero-americano.
MULHERES CIGANAS: AS GUARDIÃS E A ESCOLA Pereira Pinto, Ana Kátia; de Oliveira, Ivone Martins
Journal of research in special educational needs,
08/2016, Letnik:
16, Številka:
S1
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Este texto tem como objetivo refletir sobre o papel da mulher na cultura cigana e a sua implicação nas transformações que estão ocorrendo em vários grupos brasileiros, especialmente entre os ciganos ...capixabas. Buscou‐se compreender a implicação da participação da mulher nos assuntos relativos à educação escolar das crianças ciganas e os desmembramentos da relação ciganos – escola. Baseia‐se em um recorte da dissertação de mestrado, desenvolvida a partir dos pressupostos teóricos que norteiam a pesquisa do tipo etnográfico. As reflexões aqui suscitadas foram elaboradas a partir de uma observação participante realizada entre os anos de 2008 e 2010 em um acampamento seminômade do município de Fundão, no estado do Espírito Santo, Brasil. Nesse local, os meninos estavam matriculados na escola regularmente, mas Yara, a única menina do acampamento, não. Interessou‐nos conhecer os aspectos do grupo que estavam contribuindo para essa condição. Para melhor compreender e refletir sobre esse processo, elegemos no grupo três mulheres de gerações diferentes para análise: Dona Lena, cigana, 67 anos; Ducila, não cigana casada com cigano, 32 anos e Yara, quatro anos, filha da segunda e neta da primeira. Procuramos conhecer as implicações da postura das duas primeiras no futuro da última. As análises centraram‐se em reflexões sobre as concepções das duas primeiras sobre educação escolar e os enfrentamentos, as resistências e os desmembramentos no que tange ao processo de escolarização de Yara. Constatou‐se que Dona Lena apoia a ida de Yara para a escola, mesmo que isso implique em mudanças nos hábitos e costumes futuros da menina. Indicaram que a decisão final cabe ao homem, mas que Ducila trazia contrapontos e argumentações frequentes baseadas em seu modo de vida anterior ao casamento cigano, o que implicava resistências e outros debates no grupo sobre a escolarização das crianças. Desse modo, concluímos que Yara representa simbolicamente uma grande mudança, pois, com o apoio materno, possivelmente sua condição de casar‐se na adolescência e deixar a escola será modificada, segundo o discurso da mãe e da avó. Assim, consideramos que o papel da mulher na cultura cigana capixaba tem passado por várias transformações e estas têm condicionado e favorecido outras formas de relação entre os ciganos e a escola.
Objetivo: compreender as experiências e estratégias das mulheres de etnia cigana para ter acesso ao sistema público de saúde nos momentos de pré-natal, parto e pós-parto. Metodologia: foi empreendida ...uma pesquisa qualitativa, cuja coleta de dados realizou-se por meio de entrevista semiestruturada, com cinco mulheres ciganas de etnia Calon, idade entre 22 e 54 anos, moradoras no Distrito Federal. Por meio de uma abordagem fenomenológica, foram utilizados o conceito de experiência proposto por Schutz e o conceito de estratégia de Michael Bury. Resultados: apenas uma participante afirma ter realizado o pré-natal em uma de suas gestações, as demais foram atendidas de modo esporádico e uma última afirmou nunca ter buscado o serviço de saúde. Todas relatam dificuldades culturais ao se relacionarem com as instituições do Sistema Único de Saúde. Conclusão: para essas mulheres, o conceito de saúde se baseia na ausência de doenças e o Sistema Único de Saúde é percebido como apenas um cartão magnético, sendo a maior demanda é serem reconhecidas como etnia cigana pelo sistema de saúde.
O estudo efetuado realizou-se numa Escola TEIP, situada numa vila rural do distrito de Portalegre, com contrato de autonomia desde o ano letivo 2010/2011, e com forte presença da comunidade cigana. ...Este trabalho incidiu sobre o tema da Educação Intercultural e teve como objetivo: conhecer as representações e opiniões que os alunos do 2º e 3º ciclo do Ensino Básico, tinham sobre a sua escola, os professores, funcionários, colegas, e sua turma, e ainda verificar se existiam diferenças entre essas representações e opiniões em função do ciclo de escolaridade, do sexo e da etnia.
A universalidade das políticas sociais (dignidade igual a todos os cidadãos) não tem surtido os efeitos desejados na redução dos níveis de desigualdade e exclusão, nomeadamente ao nível do direito à ...habitação e à cidade por parte da população cigana/Roma em Portugal, uma vez que mais de um terço das pessoas ciganas ainda continuam a viver em habitações não clássicas. Tendo por base uma pesquisa qualitativa, assente na análise bibliográfica e documental sobre a situação habitacional das pessoa...