Biomarcadores gliais da Doença de Alzheimer Matheus Fernandes Bittencourt; Nathalia Vieira Müller
Clinical and Biomedical Research,
07/2021, Volume:
41, Issue:
2
Journal Article
Peer reviewed
Open access
Introdução: A neuroinflamação associada às células gliais é um elemento importante do processo patológico da doença de Alzheimer (DA). Este estudo apresenta uma revisão dos marcadores gliais ...quitinase 3-like 1 (YKL-40), do receptor desencadeado expresso nas células mieloides 2 (Triggering receptor expressed on myeloid cells 2 – TREM2), da proteína acídica fibrilar glial (GFAP) e da proteína B S100 ligante de cálcio (S100B). Métodos: Nesta revisão são analisados os marcadores gliais YKL-40, TREM2, GFAP e S100B presentes em sangue e/ou líquido cefalorraquidiano (LCR), a partir de estudos publicados até 2020 nos bancos de dados do PubMed, Medline e Periódicos Capes. Resultados: Foram recuperados 233 documentos, dentre os quais foram incluídos 60. Todos os marcadores se encontram aumentados na DA em LCR – YKL-40 e TREM2 solúvel (sTREM2), já na fase pré-clínica –, e em sangue, e estão correlacionados ao declínio cognitivo. No entanto, nenhum dos marcadores analisados apresentou grande potencial para o diagnóstico diferencial. Além da proteína TREM2 solúvel no LCR, no sangue também se pode identificar alteração nos níveis do RNAm de TREM2. GFAP sanguíneo mostra ser o melhor em distinguir controles de pacientes com Alzheimer. Há evidências de um efeito protetivo da ativação glial em reação ao acúmulo amiloide. Conclusão: Os marcadores gliais no geral têm pouca utilidade para o diagnóstico diferencial, mas podem auxiliar no prognóstico e como biomarcadores inespecíficos para doenças neurodegenerativas
Descritas há mais de 150 anos, as células gliais, constituintes do tecido nervoso juntamente com os neurônios, foram consideradas até pouco tempo células de suporte do cérebro, passivas e à margem do ...seu funcionamento. Especialmente na última década, as neurociências foram palco de uma mudança de paradigma relacionada à função e ao papel dessas células na fisiologia e patologia neurais. Neste artigo, discutimos como os avanços acerca do conhecimento sobre os astrócitos, o mais abundante tipo glial, contribuíram para o entendimento do funcionamento cerebral. Apresentamos evidências da relação entre disfunções gliais e doenças neurodegenerativas e desordens neurológicas, discutindo o potencial papel dessas células na elaboração de abordagens terapêuticas para o sistema nervoso adulto.
Casos de intoxicações com plantas do gênero Crotalaria (Leguminosae) em humanos, e principalmente em animais, tem sido amplamente descritos, com o comprometimento do SNC em animais mais sensíveis, ...como equídeos. Esse estudo objetivou investigar os efeitos diretos do alcalóide pirrolizidínico Monocrotalina (MCT), principal toxina da C. retusa, em culturas primárias de astrócitos corticais de ratos. Foram testadas concentrações entre 0,1-500µM da MCT no período de 24 e 72h. O teste do MTT revelou que a MCT não mostrou toxicidade em astrócitos. A coloração de Rosenfeld permitiu evidenciar que os astrócitos tratados com 10-500µM MCT por 72h, apresentaram o corpo celular contraído e desenvolveram finos prolongamentos de tamanho variável; este efeito foi dose-dependente, e verificado em até cerca de 80% das células tratadas com 500µM MCT. Modificações na expressão da GFAP foram verificadas por marcação imunocitoquímica e western blot, especialmente após 72h de tratamento: a MCT induziu, de forma dose dependente, modificação na distribuição da GFAP, que ficou mais localiza na região peri-nuclear, e uma redução de cerca de 40% nos níveis de expressão dessa proteína foi verificada em todas as concentrações testadas. A coloração da cromatina nuclear com Hoechst-33258 revelou que a presença de astrócitos com núcleos picnóticos ou múltiplos nas culturas tratadas com 1-500µM MCT. Estes resultados indicam uma ação direta da MCT em astrócitos corticais de ratos, alterando a morfologia e o crescimento celular, e sugerem que a resposta astrocitária a este alcalóide pode estar relacionada aos danos no SNC observados em animais intoxicados.
Degeneração esponjosa no sistema nervoso central de bezerros da raça Sindhi Guedes, Karla M.R.(Universidade Federal de Campina Grande Centro de Saúde e Tecnologia Rural); Schild, Ana L.(Universidade Federal de Pelotas Faculdade de Veterinária Laboratório Regional de Diagnóstico); Riet-Correa, Franklin(Universidade Federal de Campina Grande Centro de Saúde e Tecnologia Rural) ...
Pesquisa Veterinária Brasileira,
2006, Volume:
26, Issue:
3
Journal Article
Peer reviewed
Open access
Degeneração esponjosa (status spongiosus) agrupa várias alterações histológicas caracterizadas pela formação de vacúolos no neurópilo em diferentes regiões do sistema nervoso central (SNC). Essa ...vacuolização pode ser por edema intramielínico, como na doença da urina com odor de xarope de bordo (maple syrup urine disease) e algumas doenças tóxicas, ou por edema de astrócitos, como na citrulinemia. Este trabalho descreve degeneração esponjosa do SNC em dois bezerros, um macho e uma fêmea, da raça Sindhi. Ambos são filhos de um mesmo touro, de um rebanho que apresentava alto grau de consangüinidade. Uma fêmea nasceu normal e aos 2 meses apresentou sinais nervosos progressivos. Um macho apresentou sinais nervosos progressivos desde o nascimento. Os dois foram eutanasiados aos 4 meses de idade com acentuadas alterações do sistema nervoso central. Na necropsia o fígado de bezerro macho estava pálido. Histologicamente havia, em ambos os bezerros, discreta a acentuada vacuolização difusa do SNC, sendo mais acentuada nas camadas profundas do córtex cerebral, cápsula interna, substância branca da medula cerebelar, tronco encefálico e substância cinzenta da medula. No fígado dos dois animais havia degeneração gordurosa nos hepatócitos da região centrolobular. Na microscopia eletrônica observou-se que o status spongiosus era devido a edema astrocitário. Sugere-se que a doença é causada por um erro metabólico hereditário, diferente da doença da urina com odor de xarope de bordo.
Spongy degeneration (status spongiosus) includes many histological alterations characterized by vacuoles in the neuropile in different regions of the central nervous system (CNS). The vacuolization can be caused by intramyelinic edema, as in maple syrup urine disease and some toxic diseases, or by astrocytic edema, as in citrullinemia. This paper reports a spongy degeneration in two Sindhi calves, a female and a male. Both calves were offspring from the same bull, and the herd had high degree of inbreeding. The female calf was born normal, but progressive nervous signs were observed since 2 months old. The male calf had progressive nervous signs since it was born. Both calves were euthanized with severe nervous signs when 4 months old. At necropsy the liver was pale in the male calf. Histological alterations were mild to accentuated vacuolization, mainly in the deep cerebral cortex, cerebellar white matter, grey matter of the spinal cord, internal capsule, and brain stem. Fatty degeneration was observed in the liver of both animals. On electron microscopy it was found that the status spongiosus was caused by astrocytic edema. It is suggested that the disease is caused by a metabolic hereditary error.
INTRODUÇÃO: O brometo de etídio (BE) é reconhecido como um agente gliotóxico que causa desaparecimento focal astrocitário e oligodendroglial. OBJETIVO: Investigou-se a imunorreatividade astrocitária ...à proteína glial fibrilar ácida (GFAP) e à vimentina (VIM) após injeção do BE. MÉTODO: Ratos Wistar adultos foram tomados como controles histológicos (grupo H) ou injetados na cisterna basal com BE a 0,1% (grupo E) ou salina a 0,9% (grupo C). Fragmentos do tronco encefálico foram colhidos das 24 horas aos 31 dias pós-injeção para estudo imuno-histoquímico da GFAP e VIM pelo método da avidina-biotina. RESULTADOS: No grupo E, foram observadas extensas lesões na ponte e no mesencéfalo, com desaparecimento astrocitário da área central 24 horas pós-BE, bem como infiltração macrofágica e astrogliose periférica a partir do 3º dia. Os astrócitos marginais apresentaram imunorreatividade aumentada à GFAP e reexpressão de VIM, esta confinada às bordas imediatas do sítio lesional. No grupo C, foram visualizadas lesões pontinas discretas, com preservação astrocitária central e marcação menos intensa para GFAP nos bordos em relação ao grupo E. Nenhuma imunorreatividade para VIM foi notada em tais astrócitos. CONCLUSÃO: Os astrócitos das margens das lesões induzidas pelo BE apresentaram imunorreatividade aumentada para GFAP e reexpressão de VIM.
O brometo de etídio (BE) determina desaparecimento astrocitário local, com ruptura da glia limitans e suposto dano na barreira hematoencefálica (BBB). Este estudo visou avaliar a integridade da BBB ...após injeção de solução de BE a 0,1% (grupo E) ou de salina a 0,9% (grupo C) na cisterna pontis de ratos Wistar. Fragmentos do tronco encefálico foram coletados das 24 horas aos 31 dias pós-injeção para estudo ultra-estrutural e marcação imuno-histoquímica para a GFAP. Alguns animais receberam carvão coloidal por via intravenosa nos mesmos períodos. Nos ratos do grupo C, não houve sinal de perda astrocitária, nem extravasamento vascular de carvão no sítio da injeção. No grupo E, o desaparecimento astrocitário começou às 48 horas e algumas áreas estavam ainda destituídas de processos astrocíticos 31 dias após. Extravasamento de partículas de carvão nas lesões foi visto de 48 horas até 7 dias, não sendo detectada qualquer alteração ultra-estrutural das junções oclusivas pela falta de astrócitos perivasculares.
The glial fibrillary acidic protein (GFAP), subunit of the intermediary filaments of the cellular cytoskeleton, exists in the cytoplasm of astrocytes. Immunohistochemistry utilizing primary ...antibodies anti-GFAP is generally chosen to identify astrocytes in the central nervous system (CNS), allowing also to verify their hypertrophy. Several studies show the distribution, morphology and cytoarchitecture of the astrocytes in several areas of the CNS of humans and laboratory animals. However, in domestic animals, especially in horses, little information is available. In the present study the density and morphology of GFAP-immunoreactive astrocytes in the white matter of the cerebral cortex of horses with leukoencephalomalacia (LEM) has been compared with such aspects in normal horses. In animals with LEM hypertrophic astrocytes in areas close to the lesions were observed. There was enlargement of the perikarion, nucleus and the cytoplasmic extension. The astrocytes were reduced in number and the immunoreactivity was increased. In the normal animals constant distribution of immunoreactive cells characteristic of fibrous astrocytes was seen. Vascular changes in the animals with LEM, as for example degeneration of vascular endothelium, were also observed and could be correlated with the astrocytic alterations.
A proteína glial fibrilar ácida (GFAP), subunidade dos filamentos intermediários do citoesqueleto celular, está presente no citoplasma de astrócitos. Técnicas imunohistoquímicas com anticorpos primários anti-GFAP são geralmente empregadas para identificar astrócitos no sistema nervoso, permitindo verificar também sua hipertrofia. Vários estudos mostram a distribuição, a morfologia e a citoarquitetura de astrócitos em várias regiões do SNC do homem e de animais de laboratório. No entanto, em animais domésticos e, especialmente em equinos, poucas informações estão disponíveis. No presente trabalho, verificou-se a densidade e a morfologia de astrócitos imunorreativos à GFAP na substância branca da córtex cerebral de equinos com leucoencefalomalácia (LEM) comparando-se esses aspectos com o de equinos normais. Animais com LEM apresentaram hipertrofia de astrócitos em áreas próximas às lesões, representada pelo aumento do corpo celular, do núcleo e dos prolongamentos citoplasmáticos. O número de astrócitos apresentou-se reduzido e a imunorreatividade foi mais acentuada. Nos animais normais, verificou-se distribuição constante de astrócitos imunorreagentes com características de fibrosos. Alterações vasculares nos animais com LEM, como por exemplo degeneração de endotélio vascular, também foram observadas, podendo estar associadas às alterações astrocíticas.