Nos últimos anos, os festivais de música pop, rock, alternativa e indie têm proliferado e incrementado peso e importância, aos níveis económico, social e cultural, na Península Ibérica. À medida que ...estes megaeventos se multiplicam e se especializam, assumindo contornos específicos e procurando posicionamentos diferenciadores, é importante refletir sobre as formas de comunicação, cada vez mais amplas, imediatas, participativas, abrangentes e mutantes, dos mesmos. Neste contexto, surgem algumas questões pertinentes. O que se privilegia comunicar é o cartaz, o elenco artístico, de um determinado festival ou as experiências vivenciadas pelos espectadores durante o evento? Em que se parecem e em que se diferenciam as formas de comunicação publicitária deste tipo de festivais em Portugal e Espanha? Quem são os destinatários preferenciais das mensagens que se transmitem?Partindo da revisão de uma literatura pluridisciplinar, que convoca Indústria Musical, Sociologia, Semiótica, Comunicação, Storytelling, Marketing, Relações Públicas, Publicidade e Redes Sociais, continuando através da análise de anúncios reais pertencentes às campanhas de comunicação dos dois últimos anos de seis festivais de música ibéricos, aliada ao rastreio da presença destes eventos nos media sociais e à auscultação de profissionais do sector, pretende-se responder a essas questões e traçar um mapa de tendências.
Estruturado sob a influência dos modelos de “vida e obra” próprios da narrativa biográfica, este trabalho assume uma abordagem metodológica de compromisso entre a fixação da cronologia do percurso de ...José de Figueiredo e o desenvolvimento de uma reflexão sobre o seu papel nas áreas em que se destacou.Numa primeira parte são contextualizados e analisados as suas origens familiares, o seu percurso formativo em Coimbra, os anos de formação artística informal que teve em Paris no final de oitocentos e o seu processo de integração na sociedade erudita lisboeta do início do século XX. De seguida é apresentada uma análise das várias áreas da sua atuação no panorama cultural português: a sua integração na Academia Real de Belas- Artes de Lisboa, num período de afirmação do seu nome enquanto especialista em “assuntos de arte”; o seu papel na campanha de estudo, restauro e divulgação dos painéis de S. Vicente; as suas ideias e contribuições na definição da legislação artística e patrimonial portuguesa, nos diversos contextos político-sociais que integrou; a sua atividade como crítico e historiador de arte, num período marcado pelas narrativas nacionalistas e pelo desenvolvimento da História da Arte enquanto área disciplinar autónoma; o seu papel na divulgação da arte portuguesa, dentro e fora do país; e a sua ação no âmbito da museologia da arte em Portugal, destacando-se a identificação das suas ideias e influências no contexto europeu e a leitura descritiva e crítica da atividade desenvolvida ao longo dos 26 anos em que dirigiu o Museu Nacional de Arte Antiga.Propõe-se assim um balanço crítico das ações e contribuições desta personalidade no panorama cultural português, bem como do seu enquadramento na cultura Europeia. É ainda apresentada uma reflexão sobre a criação do “mito José de Figueiredo”, que se verifica ser fruto de três fatores que se interrelacionam: a sua ambição pessoal, marcada por uma enérgica vontade de singrar e de deixar uma marca na cultura portuguesa; o seu forte carisma, alimentado estrategicamente através da gestão eficaz da sua imagem pública; e os contextos que o acolheram e que simultaneamente estimularam o seu trabalho, proporcionando-lhe recursos materiais e humanos que geriu com sucesso, dentro e fora das instituições a que pertenceu.
O presente trabalho consiste num estudo sobre as revistas Objectiva(1937-1947) eFoto Revista(1937-1939), estabelecendo-se como uma reflexão em torno da crítica de arte fotográfica.Na década de 1930, ...assistiu-se, em Portugal, a um interesse renovado pela fotografia (tida como) artística. O Estado Novo suportou regulares eventos neste domínio - são exemplos os Salões Nacionais de Arte Fotográfica, com início em 1932, que posteriormente tomaram contornos mais alargados, com o advento dos Salões Internacionais de Arte Fotográfica em 1937. Entretanto, a crítica de arte dedicada à fotografia ficara sem um suporte jornalístico. Contudo, em finais dos anos 30, o entusiasmo em torno da fotografia artística tomou contornos mais expressivos com a aproximação dos salões de foro internacional, o que levou ao ressurgimento de publicações periódicas dedicadas à fotografia. Depois de seis anos sem qualquer revista especializada neste domínio, assistese ao advento da Objectiva e Foto Revista, publicações mensais, as quais proporcionaram espaço e visibilidade para a crítica dedicada à fotografia artística. As duas publicações dedicaram-se, entre outras vertentes, à apreciação dos eventos mais significativos no território nacional, ao aconselhamento dos amadores fotográficos emergentes e à discussão dos temas mais pertinentes à época. Num período em que a produção artística fotográfica se encontrava, de um modo geral, dessincronizada do panorama internacional, e tendo em conta a conceção de crítica de arte como orientadora de tendências, importa conhecer as opções, entendimentos e proliferação de valores que esta promoveu, respeitantes à fotografia nacional (então) contemporânea.
Considerado o maior teorizador do Neo-Realismo português, Mário Dionísio é o autor do objecto deste estudo: A Paleta e o Mundo.Escrito entre 1952- 1962, este ensaio é considerado a sua opus magna– ...uma profunda e extensa análise, que pode ser lida na dupla literatura/pintura e onde o autor concretiza uma interpretação teórico-estética e histórica sobre a pintura moderna. Trata-se do primeiro ensaio de leitura global, que se escreveu em Portugal no âmbito da pintura moderna. Em 1963 mereceu, por unanimidade, o Grande Prémio de Ensaio da Sociedade Portuguesa de Escritores.Neste estudo monográfico, procuramos esclarecer e analisar os mecanismos teóricos, que fundamentam as opções tomadas pelo autor em A Paleta e o Mundono que se refere à criação estética, função social da arte e realismo.No Capítulo I, intitulado “Neo-Realismos, As Vozes da Oposição”, traçamos o panorama contextual, definimos o conceito de “neo-realismo” na perspectiva de Mário Dionísio, assinalamos as propostas do realismo, as polémicas subsequentes e sistematizamos as teses básicas do pensamento de Mário Dionísio.Os Capítulos II e II, com os títulos, respectivamente, “A Paleta e o Mundo: À Procura dum Novo Realismo” e “A Paleta e o Mundoe a Teoria da Inseparabilidade”, são dedicados à análise do ensaio.No Capítulo II, no sentido de saber o percurso seguido pelo autor na procura do novo realismo, analisamos as relações que criou entre a arte, o público, a ciência, a sociedade e os artistas, interligando-as ao desenvolvimento histórico. Este estudo é desenvolvido tendo sempre em conta as duas grandes questões de fundo, que subjazem ao longo de todo o ensaio: a recepção da arte e os modos de representação da realidade.No Capítulo III, analisamos a questão teórica que fundamenta não só A Paleta e o Mundo,como toda a teoria estética de Mário Dionísio: a inseparabilidade do conteúdo e da forma – um estudo que propomos como uma “Teoria da Inseparabilidade”.Por fim, apresentamos algumas considerações e reflexões finais, que considerámos mais relevantes.
Este trabajo rescata la polémica película ORG de Fernando Birri como parte de un momento de evolución esencial del Nuevo Cine Latinoamericano. Se sostiene que la propuesta de ORG encarna el ideal de ...un "cosmunismo o comunismo cósmico" planteada por Birri, por encima de fronteras nacionales y de todo tipo, destacando la necesidad de una inclusión de la diversidad y de una salida alternativa al caos postapocalíptico que se cierne sobre la humanidad. This article evaluates the controversial film ORG by Fernando Birri as part of a crucial moment in the evolution of the New Latin American Cinema. The autor argues that ORG's proposal incarnates Birri's ideal of a "cosmunism or cosmic comunism" beyond national and any kind of borders. Birri underlines the need of including diversity as an alternative solution to the post-Apocalyptic chaos that threatens the humankind.
En 1970, el director argentino de documentales Raymundo Gleyzer viajó con autorización del gobierno de México para reportar sobre la campaña presidencial de Luis Echeverría. Sin embargo, decidió ...permanecer en forma clandestina para filmar los fracasos de la Revolución de 1910. Este ensayo analiza el discurso documental de Gleyzer. El gobierno mexicano intentó suprimir el documental que se produjo, y éste podría haber sido un factor en su desaparición a manos del golpe militar argentino de 1976. In 1970, the Argentine documentary filmmaker Raymundo Gleyzer traveled to Mexico, authorized to cover the Luis Echeverría presidential campaign. However, he stayed on clandestinely to film the failures of the 1910 Revolution. This essay analyzes Gleyzer's documentary discourse in this clandestine undertaking. The Mexican government sought to repress the resulting documentary, and the latter may have been a factor to his disappearance in 1976 at the hands of the Argentine military coup.
Tercer Cine: Tres Manifiestos de Taboada, Javier
Revista de crítica literaria latinoamericana,
01/2011, Letnik:
37, Številka:
73
Journal Article
Recenzirano
En los años 60, el cine latinoamericano se distancia de su tradición previa, construida a imitación del modelo industrial de Hollywood, e irrumpe en el panorama del cine mundial. Nuevos cineastas ...plantean un cine político que aborde las cuestiones sociales urgentes del momento y que rompa radicalmente la pasividad del espectador. La actividad de estos cineastas fue tanto práctica como teórica, esta última expresada en manifiestos que replantean todo el proceso de realización cinematográfica, desde su producción hasta su exhibición. El presente trabajo analiza tres de los más influyentes de estos manifiestos, explorando sus posibilidades, límites y contradicciones. In the 60s, Latin American cinema distances itself from its previous tradition, modeled around Hollywood's industry, and emerges into the landscape of World Cinema. New filmmakers propose a political cinema that addresses the urgent social problems of the time and radically breaks with the passivity of the spectator. The activity of these filmmakers was both practical and theoretical, the latter expressed in manifestos which rethink the whole filmmaking process, from production to exhibition. This essay analyzes three of the most influential manifestos, exploring their possibilities, limits and contradictions.
Ducros Garance. Rétrospective : Les approches de la question du mariage et de l'alliance en ethnologie du Japon à l'aube des années 2000. In: Cahiers d'Extrême-Asie, vol. 18, 2009. Shugendō. The ...History and Culture of a Japanese Religion / L'histoire et la culture d'une religion japonaise pp. 255-260.
A presente investigação aborda o estudo histórico, estilístico e formal de pinturas em tectos de caixotões do Norte de Portugal entre os séculos XVII e XVIII incluindo uma parte analítica relativa a ...materiais e técnicas de execução e seus problemas de conservação. Os objectivos da investigação foram, principalmente, clarificar e identificar as formas, as temáticas, os tipos de tectos, assim como os materiais e as técnicas utilizados e os problemas de conservação inerentes a este género artístico.Neste trabalho foram estudados 132 tectos, tendo-se realizado uma análise estilística e formal, com principal foco nos perfis, nos formatos, nos tipos de suporte, nas temáticas e na gramática decorativa presente. Do universo das obras estudadas, elegeram-se cinco casos de estudo, com o objectivo de se realizar uma análise exaustiva relativamente à sua contextualização histórica, temáticas e aspectos morfológicos, bem como aos materiais e técnicas utilizados para a sua execução. Nos casos estudados é comum a madeira como suporte, existindo outros materiais tais como a pedra e a tela, que serão abordados sumariamente. Para o estudo detalhado realizaram-se registos das pinturas utilizando várias técnicas fotográficas, entre as quais se destacam a fotografia de infravermelho e a fotografia da fluorescência gerada pela radiação ultravioleta. Posteriormente, procedeu-se à realização de diversas análises físico-químicas, com o objectivo de caracterizar técnica e materialmente as pinturas desses tectos. Assim, de forma a ser possível identificar os aglutinantes e pigmentos aplicados nas pinturas, recorreu-se à microscopia óptica (MO), à espectrometria de fluorescência de raios-X dispersiva de energia (EDXRF), à micro-espectroscopia de infravermelho com transformada de Fourier (micro-FTIR), à realização de testes de coloração e ao exame morfológico de fibras têxteis.Os resultados obtidos nos casos de estudo permitiram identificar, para além de aspectos morfológicos e estilísticos, os principais materiais e técnicas utilizados. De destacar a utilização de preparações em que a presença de gesso, carbonato de cálcio e branco de chumbo aglutinados em óleo e, por vezes, também em material proteico. Todavia, as preparações coloridas foram muito utilizadas, sobretudo compostas por pigmentos terra. Em alguns casos, foram aplicadas imprimiturassobre as preparações brancas ou claras, que conferiam uma base colorida, permitindo ao pintor tirar partido na construção das cores, deixando-a, por vezes, intencionalmente a descoberto. Em termos de aglutinantes pictóricos, o óleo foi dominante em todos os casos de estudo e os pigmentos nele aglutinados inserem-se no grupo de materiais disponíveis na época.
A presente tese de doutoramento visa analisar o conceito de vanguarda artística, bem como investigar se é possível existir uma vanguarda artística no século XXI. Apresentada ao longo da história ...segundo diferentes perspectivas, a genética vanguardista deve ser sempre reestudada e redesenhada definindo-se a sua ligação ao modernismo e ao cosmopolitismo, assim como identificando os seus objectivos e as suas dinâmicas geo-sociais.Se no início do século XIX o saint-simoniano e matemático francês Olinde Rodrigues considerava urgente, mas também impossível, que uma vanguarda artística vingasse politicamente, então interessa saber o que mudou para que a frente artística possa avançar no campo da batalha. É essencialmente sobre a reinterpretação desse primeiro “manifesto” que esta investigação estabelece as suas fundações. É também de assinalar a utilidade que certos conceitos como a “cólera” e a “globalização” detêm, à qual os estudos do filósofo alemão Peter Sloterdijk servem como ponto de partida.A terminologia militar da vanguarda também não pode ser ignorada. O exército artístico deve ter um treino específico para atacar com toda a sua força, bem como saber identificar os seus diferentes alvos ao longo da história. Sublinhe-se que o campo de investigação é o europeu. A vanguarda europeia tem um perfil singular que se liga tanto à memória, quanto ao sentido utópico de unidade e à singularidade da sua crítica.A actualidade do conceito de vanguarda deve ser posta em causa no século XXI. Esta é uma Europa definida pela queda do muro de Berlim e amedrontada por ataques terroristas, definida pelo regresso de grupos extremistas no seio europeu e por uma Rússia que perde os seus pudores ofensivos. É um tempo em que as guerras se fazem com drones e a internet permite reorganizar o activismo, mas também vincar uma realidade de controlo. Neste panorama é difícil não ser cínico.